Opinião

O Novo Paradigma

I

O atual Governo Regional dos Açores tem revelado a sua incapacidade em cumprir com os compromissos financeiros, sendo este mais um reflexo da falta de planeamento e de uma gestão ruinosa para o futuro da nossa região.

O próprio Presidente do Governo Regional tem o desplante de afirmar que "não há dinheiro" para a manutenção das infraestruturas. Como é possível que, após quatro anos de governação, não tenham sido capazes de gerir as contas da região e garantir que os açorianos não sejam prejudicados?

Para piorar, o Vice-Presidente do Governo defende que a República deveria assumir os custos da Educação e da Saúde nos Açores. Em que ponto ficamos então com a Autonomia? Lutámos durante décadas para conquistar o direito a decidir o nosso futuro e agora querem abdicar dessa responsabilidade? A Autonomia não pode ser tratada como moeda de troca por um governo que se revela incapaz de governar.

 

II

Enquanto no restante território nacional os preços dos combustíveis e do gás registam descidas, nos Açores assistimos precisamente ao contrário. Como se já não bastasse o custo de vida elevado e os desafios adicionais que enfrentamos por sermos uma região insular, agora somos forçados a pagar ainda mais caro pelo essencial.

A questão é simples: o Governo Regional está a usar esta subida para angariar impostos e tentar tapar o buraco nas finanças da região. É um sinal claro de desespero e de falta de visão estratégica. Quando um governo recorre à exploração fiscal como solução para os seus problemas financeiros, é porque falhou redondamente na sua missão de governar com responsabilidade.

Mais uma vez, quem paga a fatura são os açorianos. O peso da má governação recai sobre as famílias, sobre os trabalhadores, sobre as empresas locais que já lutam diariamente contra os custos acrescidos de viver e operar numa região ultraperiférica.

 

III

A forma como os líderes políticos encaram os seus cargos diz muito sobre o seu caráter. Quando surgiu uma nuvem de dúvida sobre o anterior Primeiro-Ministro, António Costa, este não hesitou: colocou o país em primeiro lugar e pediu a sua demissão. A mensagem foi clara: quem ocupa cargos de responsabilidade tem de ser imaculado e não pode estar envolvido em qualquer suspeição.

Em contrapartida, o atual Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, que na altura exigia a cabeça de António Costa, agora agarra-se ao seu lugar com unhas e dentes. Perante uma situação onde o seu nome aparece envolvido, em vez de agir com a mesma responsabilidade que exigiu ao seu antecessor, prefere ignorar o próprio discurso e fazer de conta que nada se passa. É um claro exemplo de como há quem coloque os seus interesses pessoais acima do bem comum.

A diferença de postura é gritante. Quando a política se torna um jogo de conveniência, quem sai prejudicado é sempre o povo. A credibilidade das instituições depende da conduta de quem as lidera, e um Primeiro-Ministro que se recusa a enfrentar as suas próprias incoerências apenas contribui para o descrédito da política nacional.